A Ultima Morada
Resvalando agonia pelos poros,
Me derramo ao chão
Como recipiente utilizado e descartado,
Como recipiente quebrado
Na língua dos mortos.
Desconstruindo meus pensamentos
No solo deste cômodo
Vazio, opaco e sem vida
Meu corpo grita em utopia
Amordaçado, diante da memória
[Daqueles momentos.
Em grito interno despedaçado,
Meu corpo, absorto em pensamentos
Ainda incompletos, adoece, padece
Diante da obstinação de perseguir
O sangue de gosto amargo.
Indivíduos consternados escandalizam
A porta de meu cômodo fúnebre.
Este parecia estreitar-se, retrair-se
Transmutar-se em minha ultima morada.
Como se desejasse possuir
[os olhares que se esgueiram.
O som das vozes desesperadas
Já não atinge meus tímpanos.
O cômodo se retrai, inexoravelmente
Se contrai, se esvai incessante.
Minha racionalidade se decompõe
[pelo vazio obstinada.
Jaz em mim o horror.
A agonia e a dor consomem
O restante desta razão vazia.
Jaz a dor, o terror romantizado.
Jaz o epitáfio daquele
[que morreu de amor.