A Ultima Morada

Resvalando agonia pelos poros,

Me derramo ao chão

Como recipiente utilizado e descartado,

Como recipiente quebrado

Na língua dos mortos.

Desconstruindo meus pensamentos

No solo deste cômodo

Vazio, opaco e sem vida

Meu corpo grita em utopia

Amordaçado, diante da memória

[Daqueles momentos.

Em grito interno despedaçado,

Meu corpo, absorto em pensamentos

Ainda incompletos, adoece, padece

Diante da obstinação de perseguir

O sangue de gosto amargo.

Indivíduos consternados escandalizam

A porta de meu cômodo fúnebre.

Este parecia estreitar-se, retrair-se

Transmutar-se em minha ultima morada.

Como se desejasse possuir

[os olhares que se esgueiram.

O som das vozes desesperadas

Já não atinge meus tímpanos.

O cômodo se retrai, inexoravelmente

Se contrai, se esvai incessante.

Minha racionalidade se decompõe

[pelo vazio obstinada.

Jaz em mim o horror.

A agonia e a dor consomem

O restante desta razão vazia.

Jaz a dor, o terror romantizado.

Jaz o epitáfio daquele

[que morreu de amor.

Ironic
Enviado por Ironic em 29/09/2010
Código do texto: T2527740
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