Às Avessas
És quem desperta a minha tristeza,
sabes como ninguém, e com destreza,
a minha alegria minar.
És quem sombreia a minha solidão,
e com um leve toque da tua mão,
fazes o meu mundo parar.
Sou quem bloqueia os teus anseios,
e no calor dos meus seios,
inspiro as tuas decepções.
Desperto as linhas do teu azedume,
já não provoco o teu ciúme,
nem são minhas as tuas paixões.
És quem aplaca as minhas esperanças,
quem ridiculariza o meu lado criança,
me fazendo chorar baixinho.
És quem queima todos os meus poemas,
quem desconsidera os meus problemas,
dedicando à outra, o teu carinho.
Sou quem desmerece as palavras bonitas.
Aquela em quem nunca acreditas,
mas a razão das tuas cruéis erupções.
Sou aquela que excluis da tua vida,
que faz viva a tua ferida.
A musa que contraria as tuas inspirações.