SINFONIA DO FIM

A música penetra no oco
Deixado pelo fim que principia
Acalma um coração louco
Que desencarnou a alegria.

O corpo máquina com defeito
Frágil e inquieto sobre os lençóis
Já não busca novos pleitos
Nem mais aprecia arrebóis

O cérebro encarcera a voz
E algoz faz esquecer a escrita
A angústia vai aumentando veloz
E o medo mais e mais a incita.

Impossível resistir à falta de comunicação
Quem domina este santo ser, é a inquietação
Ela implora a Deus por sua proteção divina
Mas a falta da voz toda esperança mina.

Tento entender seus olhos pidões
E suas mãos que se agitam insistentes
Peço em silêncio mil perdões
Supro o que posso com meu amor fremente.

A alma se debruça sobre fios de vida
E se apega aos entes queridos com sofreguidão
Nem num vislumbre deseja a eterna partida
Dorme ninada por falsas promessas... indulgente ilusão!