Imperfeição

Ando cansado

Remendar os farrapos

Costuras as linhas nas palavras

Unir as teias da história

Nada tem sentido

Os dedos frios segurando a caneta

Menor ainda de certo seria, essa frieza que levo no coração

Quem sabe por que e como fui eu congelar

Não sei, nem lhe perguntei, responda-me sei lá

Quem sabe se ao menos tentou o sangue estancar

Meu coração bate assim lento

Sem saber o rumo que irá tomar

Deprimido

Arrume-me algum comprimido que me dá a alegria

A mesma que tanto procurei e nunca encontrei, nenhum lugar

Quem terá a luz para enfim aquece-lo?

Busco inútil que nas noites empreendo

Nas devidamente engendradas palavras

O gelo desse coração se aquebranta

Trazendo dor e mais dor

Novos sentidos para o rancor

Quem foi que disse

Que as palavras ferem?

Quem foi que disse

Que elas também podem curar?

Minha doce cura é ilusão

Minha vida

Retrato gelado na parede de um quarto

Na porta escrito

“Aqui jaz nossa eterna imperfeição”

Alexandre Bernardo
Enviado por Alexandre Bernardo em 13/09/2010
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