Imperfeição
Ando cansado
Remendar os farrapos
Costuras as linhas nas palavras
Unir as teias da história
Nada tem sentido
Os dedos frios segurando a caneta
Menor ainda de certo seria, essa frieza que levo no coração
Quem sabe por que e como fui eu congelar
Não sei, nem lhe perguntei, responda-me sei lá
Quem sabe se ao menos tentou o sangue estancar
Meu coração bate assim lento
Sem saber o rumo que irá tomar
Deprimido
Arrume-me algum comprimido que me dá a alegria
A mesma que tanto procurei e nunca encontrei, nenhum lugar
Quem terá a luz para enfim aquece-lo?
Busco inútil que nas noites empreendo
Nas devidamente engendradas palavras
O gelo desse coração se aquebranta
Trazendo dor e mais dor
Novos sentidos para o rancor
Quem foi que disse
Que as palavras ferem?
Quem foi que disse
Que elas também podem curar?
Minha doce cura é ilusão
Minha vida
Retrato gelado na parede de um quarto
Na porta escrito
“Aqui jaz nossa eterna imperfeição”