Dentro do vidro (§)

Não quero fazer do “Se” algo provável

Possibilidade do imutável

Realidade da mente perecível

Corpo de calor impossível

Ardência nos olhos devido a palavras de pimenta

Vermelhidão da alma com espinhos que ninguém agüenta

Fogo azul de mim

Faca manchada do verde alecrim

Rasgos que até hoje sangram

Lembranças que cortam e inflamam

Raios que não esquentam

Pingos que não molham

Essência que não enxerga

Galho pesado que não enverga

Flor que não exala perfume

Indiferença pois não provoco ciúme

Inveja dos pássaros que sentem o sol

Encontro-me num vidro pequeno cheio de formol