O POETA CALOU
Calou-se a voz que bradava em rimas pelas madrugadas
As noites enluaradas já não assistem seus ensaios de inspiração
Já não se vê a sua mão a percorrer harmônicas estrofes versadas
Suas veias estão paralisadas e represadas suas fontes de emoção!
O poeta das canções de amor agora habita num castelo de loucura
E de sua câmara escura nada ele avista e nem percebe
Perdeu a verve, perdeu a alegria para os braços da amargura
E nos seus olhos onde via-se candura restou uma secura que lhe fere!
Nada de odes, nem melodias dedilhadas por sonetos
Seus poços hoje secos foram entulhados por avalanches criminosas
O seu caminho de rosas tornou-se um espinhal de pesadelos
Vulcões agora cospem gelos e as derradeiras alegrias são dolorosas!
O pássaro emudeceu-se na aurora e um choro triste toma conta da manhã
Agora a canaã das esperanças morre infeliz no hades da solidão
Os seus sorrisos aonde estão? Teria sido sua vida vã?
A poesia não é mais a sua guardiã e o poeta é um calado coração!
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