A LIRA DA HIPOTERMIA

A atmosfera fria

Prepondera

No corrente dia,

No entanto,

Os pensamentos

Não aderem

Ao império do mármore:

A bem da verdade,

São vulcânicos desertos

Do Saara e do Mojave!

A atmosfera fria

Prepondera

No corrente dia:

Penso nos entes

De antártico

Coração transformando

Mares majestosos

De candura e crisálida

Em infinitas úlceras multiplicadas

Cuja missão é criar bactérias

Quais sepulcralizam a alma.

A atmosfera fria

Prepondera

No corrente dia:

Não obstante

A brisa malina,

Os condôminos de rua

Deitam ---

Prematuramente ---

Na sepultura

Ao se tornarem

Almoço ou janta

Da nossa venerável

Sociedade fraternal,

Nobre, magnânima, humana!

A atmosfera fria

Prepondera

No corrente dia:

A tristeza gélida

Empedra a lareira

Dos solares sentimentos,

Matando os sonhos

E seus rebentos.

A atmosfera fria

Prepondera

No corrente dia:

Nada perto ou equidistante...

Nada ao longe...

Nada aquém...

Nada além

De hipotérmicos,

Decrépitos

E esqueléticos

Horizontes!

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA

JESSÉ BARBOSA
Enviado por JESSÉ BARBOSA em 09/09/2010
Reeditado em 10/09/2010
Código do texto: T2487276
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