dor fingida
"O poeta é um fingidor
finge tão completamente
que chega a fingir que é dor
a dor que deveras sente" Fernando Pessoa
Eu, entretanto, sinto
e inunda-me todo o ser
arde e queima
para o tempo
da loucura, dos desejos
onde viver e morrer
se entrelaçam e juntos
distanciam-se
Eu, entretanto, finjo
que não me importo com a dor
ou com a falta de amor
e mascaro a realidade
numa fantasia de liberdade
num tempo
inexistente, atemporal
surreal
Eu, entretanto, choro
porque pensei
porque amei
choro as lembranças
felizes e tristes
choro pelo futuro
que é tão próximo e tão distante
e ao mesmo tempo
nunca vai chegar