dor fingida

"O poeta é um fingidor

finge tão completamente

que chega a fingir que é dor

a dor que deveras sente" Fernando Pessoa

Eu, entretanto, sinto

e inunda-me todo o ser

arde e queima

para o tempo

da loucura, dos desejos

onde viver e morrer

se entrelaçam e juntos

distanciam-se

Eu, entretanto, finjo

que não me importo com a dor

ou com a falta de amor

e mascaro a realidade

numa fantasia de liberdade

num tempo

inexistente, atemporal

surreal

Eu, entretanto, choro

porque pensei

porque amei

choro as lembranças

felizes e tristes

choro pelo futuro

que é tão próximo e tão distante

e ao mesmo tempo

nunca vai chegar

Fernanda Monteiro
Enviado por Fernanda Monteiro em 08/09/2010
Código do texto: T2485793
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