De nada vale

Do que me vale ter as primaveras,

Se já não tenho mais o teu sorriso?

Do que adiantará atravessar as eras,

Se há em mim um coração maciço?

De nada me adianta ter a luz divina,

Se eu já não posso mais te enxergar?

Do que me vale a flor mais genuína,

Se a mais exótica nunca pude regar?

Do que valem os verdejantes prados,

Se não puder percorrer-los contigo?

Do que valem os doces céus azulados

Se não puder dormir no teu abrigo?

Do que adianta o sol no horizonte,

Se já não posso beber da tua fonte?

Dividido em desesperos e exageros

Vou por minhas estradas sem destino

Se não posso provar vossos temperos

Serei pela eternidade um clandestino...

Se dos teus lábios não puder beber

O néctar, eu desejo morrer de sede

Sem que seja em vós, não quero ser

Apenas mais um retrato na tua parede...

Não quero ser sem que sejas minha

Não adianta ter mil reinos sem rainha...

Joselito de Souza Bertoglio
Enviado por Joselito de Souza Bertoglio em 07/09/2010
Reeditado em 07/09/2010
Código do texto: T2484244
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