De nada vale
Do que me vale ter as primaveras,
Se já não tenho mais o teu sorriso?
Do que adiantará atravessar as eras,
Se há em mim um coração maciço?
De nada me adianta ter a luz divina,
Se eu já não posso mais te enxergar?
Do que me vale a flor mais genuína,
Se a mais exótica nunca pude regar?
Do que valem os verdejantes prados,
Se não puder percorrer-los contigo?
Do que valem os doces céus azulados
Se não puder dormir no teu abrigo?
Do que adianta o sol no horizonte,
Se já não posso beber da tua fonte?
Dividido em desesperos e exageros
Vou por minhas estradas sem destino
Se não posso provar vossos temperos
Serei pela eternidade um clandestino...
Se dos teus lábios não puder beber
O néctar, eu desejo morrer de sede
Sem que seja em vós, não quero ser
Apenas mais um retrato na tua parede...
Não quero ser sem que sejas minha
Não adianta ter mil reinos sem rainha...