O MELRO GRISALHO
Lá estava o pobre passarinho morto
Inerte no fundo da sua cela-gaiola
O velho melro de penas grisalhas...
Há tanto tempo que estava ali
Pobre prisioneiro sem culpa
Dos gostos dos idosos donos
Punham água e comida para ele
Nos recipientes pendurados
Nas grades da cela, ou gaiola...
Passava os dias e as noites
Solitário na arrecadação
Encalorado e solitário...
Quando iam vê-lo, saltitava
De cabeça ao lado focando
Os olhinhos no visitante...
Quem sabe o que se passava
Na pequena cabecinha negra
Atrás dos olhinhos brilhantes
Velho como os velhos donos
As penas negras ficaram grisalhas
Sim grisalhas...no meio das negras
Já viram um melro de penas grisalhas?
Eu vi! O coração dele palpitou
Na minha mão agitado
Quando o velho dono o cuidava
E eu ajudava enternecida...
Mas hoje...a idosa ave libertou-se
Da prisão sem culpa formada
Fui vê-lo!
E estava no fundo da gaiola
Inerte, morta, libertada!