A Epifania de um Derrotado
Vocês podem me dilacerar
Com suas palavras afiadas
E pisar em minha carne definhada
O quanto desejarem.
Os mortos não sentem
Não olham, não vêem.
Pois não há relevância
Em assistir um mundo em chamas
[Novamente.
Pois o fundo do poço
É inalcançável para as pedras
Incessantes e elaboradas
Que lançam sob mim.
Fui derrotado, humilhado atrozmente
E deixei se apagar em mim
Qualquer chama que enaltecesse
E pungisse meu ser.
O prazer e a dor estavam juntos num velório
E eu velei sob eles piamente.
Fitei seus cadáveres embalçamados
E esbocei um sorriso sincero em minha face.
Eu morri junto deles
E meu corpo desalmado permaneceu.
Portanto, pouco me importa a opinião alheia.
As pedras já não me atingem.
Não exista o que atingir.
Apenas vago, fantasmal,
Solitário, morto-vivo
Até que a sorte da morte me atinja.