Menino homem!

Pés descalços, roupas rasgadas

Cobertor de jornal

Lá vai aquele menino

Sem destino

E sem nunca ter cometido um mal

Seu café da manhã, seu alço ou sua janta

Eram restos que conseguia nas lixeiras do quintal

Ou nas portas em que batia

Sem vergonha,mas com lágrimas

Era assim que ele fazia.

Seu asseio era nas praças

Em seus chafarizes, nas madrugadas de noites frias

Sem sabão ou sem toalha

Se enxugava nas próprias roupas

Pois era isso que lhe sobrara.

Roupas suas ali mesmo ele lavava

Seus dentes, seus dedos escovava

O cabelo...pente não via

Mas seu olhar era tão puro

Seus gestos tão inocentes

Que por onde aquele menino passava

Comovia toda a gente.

Os bancos das praças transformou

Para seu corpo descansar

Em camas, mesmo duras

Sem conforto, sem mais nada

Aquele menino dormia

Para o seguinte dia andar.

Os anos foram passando

E aquele menino cresceu

E mesmo passando dos 50

Aquele menino de outrora

Acredita ainda que não nasceu

Seu olhar ainda é triste

Sua voz embargada

Mas o menino virou um homem

E ninguém lhe estende a mão

Nem se importam com sua história

Será que foi tudo em vão?

George DAlmeida
Enviado por George DAlmeida em 01/09/2010
Código do texto: T2471665
Classificação de conteúdo: seguro