Por que nasceste, mulher de dores
Por que nasceste, mulher de dores?
Por que vieste a este mundo,
Se aqui só tristezas e aflições tiveste?
Tuas lágrimas secaram,
Não podias mais chorar.
Choraste demais.
Ó Morte carrasca!
Que tanto demoraste a vir...
Que tanto aguilhoaste uma alma pura,
Tirando-lhe um por um os seus amores...
Roubaste-lhe o filho amado,
A filha que mal florescera,
Roubaste-lhe, por fim,
Aquele que a vida se encarregou de afligir.
Demoraste muito, ó Morte,
Prendeste neste mundo de dores
Uma alma que não era daqui.
Por que nasceste, ó Anjo, por quê?!
Por que a vida tanto te feriu?
Porém, agora que partiste,
Enfim, terás descanso no seio de Deus.
(A Helena de S. Lima, 1919 - 2010)