Mundo vazio
Sou única para mim,
Única no mundo,
Capaz de me ver,
Capaz de ser.
Meus livros, meus amigos,
Vocês nunca me deixarão.
Ao menos que uma fagulha moribunda
Faça-lhes a extinção.
Os batimentos que ouço
São os do relógio da parede,
Que dentre quatro alinhamentos
Faz-me o seu tormento.
As horas do dia passam
Sem que se possa ver.
Os acontecimentos passam
Sem que possam acontecer.
Meu coração pula miúdo,
Minha voz se extingue.
Minha insegurança é grande;
Não ouço ruído.
Paro perante a pluma,
Que voa leve com o vento.
Enquanto eu retorcida penso...
Será que um dia vôo sem a solidão?
Sem a amargura doída da ingratidão?
Que as pessoas insistem em liberar
Aos montes e sempre
Que alguém como eu
Compromete-se e acredita
Que está sempre a sonhar...
Na imensidão extraordinária
Da emoção.