Poetastro embriagado
O que se via eram folhas sujas que continham rabiscos...
Eram versos ilegíveis
Que o poeta embriagado
Vomitara sobre a escrivaninha
Restos fétidos de inspirações.
Revirava-se, gemia, convulsionando queixava-se
Da vida, da amada de suas ilusões;
Que fanara como uma flor esquecida.
O pobre diabo amaldiçoava a gramática.
Os colegas de sua classe decerto doidos!
Cansara-se de declamar amores metaforizados
Paixões alienígenas.
Na sua falência, encontra-se sozinho e bêbado.
Havia na prateleira empoeirada
restos de sua arte esquecida, palavras que traças ruíam.
Era um poetastro que outrora, escrevia versos com total maestria.
Agora na escoria do anonimato
O poeta traduzia sonhos embevecidos,
Lágrimas de álcool corriam.
Cantarolavam rimas de amor e glória,
Destrinchava um mundo de fantasia.
Na overdose de sua alma entre um gole e outro gole, o embriagado volvia-se, a procura de um resto de tinta, uma folha, pois uma alucinógena poesia fluía.
Na desgraça de um artista sentir-se sozinho, abandonado...
Pelo resto do mundo, pelo seus olhos por dizer cegos, impregnado pelo fracasso, por um tédio, ser um constante cadáver, um suicida assassinado pelos próprios insucessos.
L.R