Poetastro embriagado

O que se via eram folhas sujas que continham rabiscos...

Eram versos ilegíveis

Que o poeta embriagado

Vomitara sobre a escrivaninha

Restos fétidos de inspirações.

Revirava-se, gemia, convulsionando queixava-se

Da vida, da amada de suas ilusões;

Que fanara como uma flor esquecida.

O pobre diabo amaldiçoava a gramática.

Os colegas de sua classe decerto doidos!

Cansara-se de declamar amores metaforizados

Paixões alienígenas.

Na sua falência, encontra-se sozinho e bêbado.

Havia na prateleira empoeirada

restos de sua arte esquecida, palavras que traças ruíam.

Era um poetastro que outrora, escrevia versos com total maestria.

Agora na escoria do anonimato

O poeta traduzia sonhos embevecidos,

Lágrimas de álcool corriam.

Cantarolavam rimas de amor e glória,

Destrinchava um mundo de fantasia.

Na overdose de sua alma entre um gole e outro gole, o embriagado volvia-se, a procura de um resto de tinta, uma folha, pois uma alucinógena poesia fluía.

Na desgraça de um artista sentir-se sozinho, abandonado...

Pelo resto do mundo, pelo seus olhos por dizer cegos, impregnado pelo fracasso, por um tédio, ser um constante cadáver, um suicida assassinado pelos próprios insucessos.

L.R

Luk Ramos
Enviado por Luk Ramos em 28/08/2010
Código do texto: T2464730
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.