Nas ondas do vento gangorreavam os barcos
Que a saudade deixara assentados na areia;
Por falta de chuva tornou o rio um buraco
Igual corpo sem sangue a correr pelas veias.
Mogi Guaçú tem todo o sentimento meu,
Como dera peixes grandes em outrora!
Traduzem tristezas a quem te conheceu;
Dependíamos e dependente estás agora!
Tuas águas sujas, imundície das descargas;
Usinas te roubam água enviando ao espaço,
Bagaço lavado produzindo açúcar, amargo!
Teu leito dorme à sombra de um fracasso.
As cidades do ocioso te carregam ao embargo!
Viajam excrementos e impurezas ao laço;
Quando saudoso apreciei tais quais espargos,
Vendo-o hoje apenas sinto os embaraços.
Roubar-te os direitos de límpida tua água
Em degradação já nem mesmo tens os traços;
A inspiração busca a distancia o que trago;
Da tua perca já não mais é uma ameaça;
Como a caça ao tiro é o mesmo estrago.
Mortos, um ao tiro outro as fecais desgraças,
Serpenteando apenas os barrancos vagos:
O atirado se assa; depois desce por descarga!
Barrinha, 25 de agosto de 2010 14,26