CAMPO DE LÍRIOS

Trouxe-me um tempo que tinha

de renda um campo de lírios.

Deitei-me à sombra do vento,

à deriva da brancura

que a chuva chorou de terra

e enterrou em semente

comigo, num outro tempo.

Fiquei num tempo pisado

pela ceifa da colheita

e o ânimo que me ensaia

ergue-me à proa da fuga,

agarro-me ao vento e cravo

as esporas da contramão

que sigo com o meu fado.

Subo a eito, ascendo a prumo,

encho o peito e me consumo

na atmosfera viciosa

onde pelejo torturas

que me assombram o regresso

ao campo outrora vingado

de colheitas proveitosas...

Não sou desse tempo agora.

Trouxe-me um tempo que chora

sobre lírios não plantados...