ENTRE A DOR E O VENTO

Tarde nublada,
Chuva torta – fina,
Cortejo molhado,
Eu - calado,
O último que seguia,
Via por entre a neblina,
O brilho do caixão,
Meu coração tremia,
No enterro ainda chovia,
Forte como o camarada,
Mas, eu não fui forte,
O suficiente,
Para ofertar o presente,
Pós morte,
Cumprir o que ele havia,
Me pedido em risos,
- Quando eu morrer,
Não quero o seu pranto,
Quero ouvir do paraíso,
Você declamar uma poesia,
Que soe como um canto,
Na luz da alvorada,
A dor que me invadia,
Era tanta,
Que a voz não saia,
E eu não pude conter,
A tristeza do ser,
A lágrima quanta,
Que misturada à chuva,
Sutilmente descia,
. . .
Entre a dor e o vento,
Insustentável momento,
Minha alma se perdeu,
Um pouco de mim também morreu.