O EXÍLIO DO AMOR
Eu ignoro a razão desses assédios e aplausos
Não percebem que são falsos todos os meus supostos encantos?
Eu sou um corpo feito de prantos e ando sobre lâminas a pés descalços
Sou estilhaços vagando aos farrapos sem rumos e mantos!
Façam mais justiça com a verdadeira e melhor literatura
Neguem a esta criatura o honroso rótulo que lhe é conferido
Posto que há um homem ferido por trás da enigmática moldura
Um prisioneiro de uma câmara escura, um vil ninguém despercebido!
Por mais que suas letras sejam glória para a sina dos olhares
Por mais que em tantos lugares seja louvada a sua obra
Nada lhe sobra de tudo que lhe arrancam os violentos pesares
Exilado de abraços e lares, prossegue esquecido do que lhe ignora!
E se lhe ignora justamente o que ama, qual é sua vitória?
De que vale uma história humilhada por trás do confete aparente?
Eis que simplesmente todo ouro não passa de escória
Mate-me de uma vez o frio lá de fora, pois a vida aqui dentro me odeia e mente!
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