O EXÍLIO DO AMOR

Eu ignoro a razão desses assédios e aplausos

Não percebem que são falsos todos os meus supostos encantos?

Eu sou um corpo feito de prantos e ando sobre lâminas a pés descalços

Sou estilhaços vagando aos farrapos sem rumos e mantos!

Façam mais justiça com a verdadeira e melhor literatura

Neguem a esta criatura o honroso rótulo que lhe é conferido

Posto que há um homem ferido por trás da enigmática moldura

Um prisioneiro de uma câmara escura, um vil ninguém despercebido!

Por mais que suas letras sejam glória para a sina dos olhares

Por mais que em tantos lugares seja louvada a sua obra

Nada lhe sobra de tudo que lhe arrancam os violentos pesares

Exilado de abraços e lares, prossegue esquecido do que lhe ignora!

E se lhe ignora justamente o que ama, qual é sua vitória?

De que vale uma história humilhada por trás do confete aparente?

Eis que simplesmente todo ouro não passa de escória

Mate-me de uma vez o frio lá de fora, pois a vida aqui dentro me odeia e mente!

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Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 21/08/2010
Reeditado em 21/08/2010
Código do texto: T2451803
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