Poeta se lá é difícil e aqui...
Olhar longínquo no campo do cárcere
Boca prostituta como abismo
Oprimindo o silêncio de seu imo
Na alforria seca do mármore
Poeta se lá é difícil e aqui…
Aqui, onde em cada pensamento uma tristeza
Proibida vive um alcantil de espaventosa
Inequívocas saudades mil
Sentimento impedido
Desejo impelido de açoite
Beijo imaginado no acoite
Na liberdade do injustiçado
Vangloriado pelo seu semblante
A sentinela voa em sua alma
A inexorável pretensão da liberdade
Que transbordará a sua trama
Poeta se lá é difícil e aqui…
Aqui, onde os gritos inspiram
Canções impúdicas de desespero
E arrependimento puro
Que em um metro de percurso os olhos desejam
Afinal ó poeta se lá é difícil e aqui…
Aqui em que até chorar é coibido
De utopia verosímil
Uma sincera e inspirada dedicatória óbvia ao meu amigo Chiquinho Macedo