BURACO DA AGULHA
Nunca mais o telefone tocou
Nunca mais a espera terminou
Nunca mais eu ouvi aquela voz
Somente ficou o voraz vazio
Nenhuma outra coisa há
E nada mais haverá, eu sei
Nada se salvou... será?
Não embarquei no horário marcado
E atualmente vivo do aquém
Enquanto o além quer tudo levar.
Eu me recuso a ser vencido, então eu grito
Tentando expurgar o que quer me aniquilar
E embora haja possibilidades, há o temor
Aos olhos alheios e a falta do ardor
Resta o desenrolar dos acontecimentos
E que ele consiga unir o tempo, o vento
E o nostálgico encantamento...
Trazendo de novo a vida, já quase perdida
Junto com o que me custa deveras esquecer
E ai a porta se abrirá, e a luz invadirá, sem contenção
Os ínfimos cantos daquela sombria prisão