Sintomas de Festa

Meu corpo ainda adormecido
Tem medo de despertar.
Parece andarilho perdido
Que procura seu lugar.
Sente sintomas da morte da nostalgia
Na noite de festa e alegria.
Em ritmo lento, reclama.
Mas... é preciso enfrentar a vida,
Abandonar a maciez da cama
E retomar a monotonia dorida.
Entretanto, é pouca a vontade
E muito grande a ressaca.
O sol raiou cedo; com ele, a realidade,
Calando o bumbo, a cuíca e a matraca.
Sabe o corpo: tem de reagir,
Despojar-se dessa moleza,
Desse torpor aflitivo sair
E gritar sua presença com nobreza.
A mente preguiçosa não comanda.
Fica à mercê do tempo,
Que anda em ciranda,
Ziguezagueando no contratempo.
 






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Imagem: Google