Jardim corrompido
Lancei-me ao jugo do vento
Como uma folha ressequida
Num sopro esmo pela rua
Sou água salgada no deserto...
Sou promessa, mero pensamento
Sou como uma flor jazida
Pelas noites enamorando a lua,
Vivo distante mesmo quando perto...
Sou um sopro liberto do fracasso
Pois, meu futuro é um breve acaso
Vós me dais vida quando quero morte
Sou pétalas e também espinhos
Sou um sopro do sul até o norte
Noite e dia varro os caminhos
Como névoa pelas manhãs de inverno
Sou um superficial homem moderno...
Por que me cobra o que não me deste?
Queres além do que já me tiraste?
Se já vou mendigando pelas avenidas
Uma pitada de paz e talvez sossego,
Um grão de açúcar para meu ego
Disperso por longos impulsos suicidas,
Ó triste legado que me deixaste,
Por fim sou jardim corrompido por tua peste...