Essa dor no meu peito.
Estou regressando ao lugar que foi meu berço.
sinto uma dor imensa em meu peito.
É de saudade,dos banhos de chuva,
Do cheiro da terra,
Dos tempos primeiros...
sinto uma dor de proporção astronômica,
porque quando chegar, sei que não vou encontrar,
Quem um dia deixei e parti.
pensei que estaria lá,no dia em que eu voltasse.
Mas encontrarei o ninho vazio.
se meu coração gritar,chamar,não haverá voz para responder.
O tempo mau chegou,trazendo-me grande dor,
Que eu não pensei sentir...
Mas sinto.Talvez pelo luto não vivido,o pranto não chorado,
São tantos porquês...
Agora choro e lembro, quantas pequenas alegrias,
viveu ali a criança que fui,
Tantas tristezas que nunca ousei declarar...
E chorava em silêncio sentindo as dores só minhas.
Agora regresso triste,vou tentar chorar.
Ali onde foi meu lugar e já não é
Mesmo ainda sendo,de algum jeito,
Quem sabe ao chegar,eu possa expurgar
Essa dor do meu peito.
E chorar esse luto de fato.
Quero andar por caminhos que nunca esqueci,
Descalçar meus pés e sentir aquele solo,
E debaixo da árvore ficar em seu colo,
Infância querida!
Quero ser a menina que fui.
E purgar essa dor do meu peito...
Rever aquele céu,pisar naquele chão...
E olhar a casinha onde morou a menina que fui.
Embora tão triste, ainda resiste a casinha.
Mas se foi a Maria que eu tive.
Eu não sei o que me espera,
Mas sei o que espero:
E tudo que preciso é chorar essa dor.
Viver esse luto,derramar esse pranto
Para tentar arrancar essa dor do meu peito!