FILHOS DE HOJE

Se tudo que escrevi saísse do papel

Para ter vida própria,

Meu Deus, como seria minha história,

Um teatro de cortinas escancaradas

Várias gargalhadas regadas

Por tanto choro quase sem fim,

E pobre de mim,

Muitas vezes o teatro a cortina se fechou,

Foram tantos obstáculos

Que minha fala quase se calou,

Que meus gritos emudeceram

E quase tudo em mim, pifou.

Hoje abro a cortina com novos horizontes,

Com pontes que levam ao mais alto bem,

Foi a dura penas que aprendi

Que aprendemos a sofrer, e raramente

Aprendemos a amar,

O sofrer carrega as dores de partos

Inacabados,

No entanto, tenho tantos motivos para sorrir,

Para que insistir numa tecla que

Não soa nada para mim a não ser confusão?

Sou mãe amada, chata e produtiva,

Que fiz da vida o exemplo de caminho a seguir,

Dei tanto de mim, suei tanto por um fim,

E hoje vivo na lembrança das minhas crianças

Que tive que arcar sozinha,

Agora fico pasma em ver uma tecla

Que soa desafinada,

Quando na verdade no começo e no fim da estrada

Eu ensinei a viver em afinação,

A tocar as notas latentes dessa vida,

Mostrei o valor das coisas feitas com o coração.

Mãe é quase tudo do mesmo jeito,

Filhos, hoje, infelizmente, embora não todos,

É sinal de muito desrespeito.

Snif...

Teônia Soares
Enviado por Teônia Soares em 11/08/2010
Código do texto: T2430722
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