FILHOS DE HOJE
Se tudo que escrevi saísse do papel
Para ter vida própria,
Meu Deus, como seria minha história,
Um teatro de cortinas escancaradas
Várias gargalhadas regadas
Por tanto choro quase sem fim,
E pobre de mim,
Muitas vezes o teatro a cortina se fechou,
Foram tantos obstáculos
Que minha fala quase se calou,
Que meus gritos emudeceram
E quase tudo em mim, pifou.
Hoje abro a cortina com novos horizontes,
Com pontes que levam ao mais alto bem,
Foi a dura penas que aprendi
Que aprendemos a sofrer, e raramente
Aprendemos a amar,
O sofrer carrega as dores de partos
Inacabados,
No entanto, tenho tantos motivos para sorrir,
Para que insistir numa tecla que
Não soa nada para mim a não ser confusão?
Sou mãe amada, chata e produtiva,
Que fiz da vida o exemplo de caminho a seguir,
Dei tanto de mim, suei tanto por um fim,
E hoje vivo na lembrança das minhas crianças
Que tive que arcar sozinha,
Agora fico pasma em ver uma tecla
Que soa desafinada,
Quando na verdade no começo e no fim da estrada
Eu ensinei a viver em afinação,
A tocar as notas latentes dessa vida,
Mostrei o valor das coisas feitas com o coração.
Mãe é quase tudo do mesmo jeito,
Filhos, hoje, infelizmente, embora não todos,
É sinal de muito desrespeito.
Snif...