NÃO TENHO CORAÇÃO
Eu não tenho coração.
Dentro do peito,
Hoje fechado, tumular,
Em nadas desfeito…
Tive ontem, um coração
Um coração que batia…
Batia em dias de Inverno,
Batia em dias de Verão,
Batia em dias de esperança,
Batia em dias de ilusão!
A razão de hoje, não sentir,
Dentro do peito bater,
Esse coração de ontem,
Está no haver dado, sem querer,
Sem o entendimento prevenir,
Pedaço a pedaço,
Esse ingénuo coração,
Em troca do nada, do vazio
Que me ofereceu aquela ilusão…!
A ilusão de um sonho quente
Que, afinal, era frio.
Hoje,
Vivo sem saber
Qual o sentido,
A razão do viver
Pois não tenho coração…
(Ana Flor do Lácio, março 1988)