Ocaso

Acaso, Sol, à tarde vertes sangue?

Acaso tens o infinito Universo

como leito para sustentar-te exangue

e aparar-te nessa labuta áurea?

Antes que a Morte te coma

e te seduza com voz de soprano

ilumine por último o mar que vos ama

para que seu reflexo engane o Profano!

E numa confusão louca e brilhante

o Cavaleiro virá a se afogar no oceano

e sua pupila febril verá num instante

a amplidão de teu amanhecer como se fora humano...

Mas se não é o Escuro teu pesadelo

porque então derretes ao findar o dia?

É provável que em teu fervor haja um apelo

ou anseio que tua luz não nos envia?

Se algo disforme vaga em teu peito

complexo demais para ser transmitido

continue, então, a derreter-se no horizonte e no meu leito

certo de que também iluminas outro exaurido!

ralv
Enviado por ralv em 30/07/2010
Reeditado em 30/07/2010
Código do texto: T2407875
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