Pensante

Debruçada no batente da janela.

Eu podia ver a sua nuca,

Envolvida por cabelos negros.

O que ela faz ali parada,

No seu vestido amarelo, transparente?

Reflete sobre o aborto...

Dolorido, que acabou de fazer?

Eu, aqui em pé a julgando!

Quem sou eu para julgá-la?

Um fio de sangue escorre

Por suas pernas longas e torneadas,

Sua carreira de mãe foi por ela

Drasticamente abandonada!

Dá-me vontade de saber...

O motivo de sua escolha.

O que ela esta pensando?

Um bando de crianças em alarido

Deitam na grama esmaecida. E, ela soluça!

O infinito debruçado no poente

Encarrega de amarelar a noite,

Lá fora! E ela esta tremendo

Não é de frio, não está febril.

O seu tremor corre por seu corpo

Carrasco lascivo...

Infinita escuridão a encobrir a sua alma.

Desmembrada!