Milhas de mim,
Vento frio, arrepio na pele,
Ergue olhar, esconde face,
Longe de mim,
Nem céu, nem inferno,
No vazio vago de mim.
Num tudo cheio de nada,
Num nada farto de tanto.
Palavra debate nos dentes,
E o sorriso esmaece,
No peito, grito esquecido,
Coração exausto,
Cérebro emotivo. Sofre!
O tempo não dá prévio aviso,
Gargalha nas noites sem lua,
E madrugada leva despojos,
Pedaços da luta inacabada.
Flor, botão, e o espinho.
Ponta de punhal, fina agulha,
Máscara de vida,
Engana-se de si,
Foge de si,
E não encontra,
Pois que se faz perder.
Pois que diz pouco,
Pois não quer dizer,
Mas não quer o silêncio,
O suave silêncio,
Que veste o hálito noturno,
Da boca desejada,
Dos lábios secos,
Do toque imperceptível,
Num beijo roubado,
Guardado no toque,
O toque de pele,
Que mergulhou n’alma,
E nela ficou.