Tua Carruagem Sem Destino
Sob uma névoa de sereno
Avança a carruagem e,
Se são anjos ou demônios
A história irá classificar
Destes ao pântano olhares tristes
Como se tivesse culpa pelo lodo
Que fedia abaixo dos pés
E sujava almas desencantadas
Sussurava ao breo da noite
Tua dor e tua lamentação
Mas seguia na viagem
Sem nada saber sobre o destino
Nos teus belos olhos,
Lapidados pelo Diabo,
Uma chama se apagara
Ou estavas cansada?
Noite após noite enebriava-te
Do fel que provinha
De amargas sensações,
Cruéis decisões foram as tuas
Sem pressa seguia sem rumo,
Numa terra pastosa
De ares estrangeiros aos teus olhos,
Como metade do mundo me era então
O frio te penetrou aos poucos
Congelou tuas vontades,
Mas não os teus impulsos
Invocados pelo crepúsculo
E guardastes tuas magias,
Num pequeno opúsculo
Confidentes à um oráculo
De segredos e traições
Tua fonte de encantos,
Impulsionada por Ares
Fazia guerra e celebrava
Alguns momentos de amor
Banhou-te com um sátiro
Num culto dionisíaco,
Herói de prosaicos feitos
Para teu olhar soberano
Mas agora, adormeces na carruagem
Não sabes o fim desta estrada
É levada pelos acasos do caminho,
Pela sujeira desta trilha
Fazem noites que não sonhas,
Fazem dias que não acordas,
O sol lhe atrapalha, ja a noite,
Lhe incendeia
Mas pouso triste como um anjo,
Na traseira de sua carruagem,
Lhe observo mas não falo
O trajeto de seu caminho
Escolhas sozinha minha cara,
Se és anjo ou és demônio,
Se estais sozinha ou acompanhada
Nessa trilha enlamada