Canto da solidão
Canto da solidão
Vejo como são tristes essas paredes
Com cores de tons também tristes e frios
E mais assustador ainda o jeito que ela me encara
Friamente não fala nada, mudas e paradas
O barulhinho irritante da minha maquina de escrever
Até parece as mais belas canções, seguindo o mesmo ritmo
Acelerando e pausando os versos do canto da solidão
Diante desse silencio amedrontador
Como o canto da solidão
Que eu escrevo
Que eu declaro a todos os solitários
De melodia única
Apenas “só” sozinho para compartilhar
Diante de tantas belezas desse mundo
Um ser sofre, sofre por não ser amado o suficiente
Sofre por não saber amar corretamente
Sofre por facilitar que a tristeza domine
Sofre por escrever, por ser profeta
Como o canto da solidão
Que faço enquanto fumo mais um cigarro vagabundo
Acompanhado sempre com aquela velha vodka Russa
Que ganhei de presente nos meus 36 anos
Tantos versos que já declarei
E nunca funcionou
Tanto amor que já usei
E nunca se fez real enfim
Tantas verdades tentaram mentir
Diante de tantas mentiras tentei existir
E fiz esse canto da solidão
Que não rima
Que não é par é impar
Canto da solidão
Que nem ao menos se canta
Apenas se ler
Apenas se ver
No silêncio, no noturno
De mais uma noite sozinho