Versos Verossímeis
Não sei o que é pior, nos meus versos verossímeis
Sua mordaz acidez crítica, ou a tênue lembrança
Que exibe em cada estrofe, de um amor destroçado
Se o silêncio que exibes é a verdade n'alma
Ou se o grito que se escuta é a verdade que esbraveja
Pois de mim não há mais nada que você possa ferir
Quando rompe a linha da saudade, há de perceber,
A dor no peito é algo que não se exprime em versos,
Palavras ou gestos; é a dor sobre a dor descomunal
E meus versos, quase mudos, tornam-se vivos
Nessa solitária dança manchada de fumaça
Onde cai automático, desliza onisciente e desfila no sincero
Teu choro é a cruz que tenho de carregar,
Fingir ser forte, não sentir ou amolecer
Enquanto as lágrimas vão retirando pedaços de nós dois
Enquanto segue, neste verso, a verdade dos meus olhos
Que somente o teu alguém foi capaz de desvendar,
Eu me conforto, com a doce ilusão de existir
Vendo estas piscinas transbordarem de tão vazias
E os prédios desmoronarem de tão leves,
Me entrego fácil ao acaso, esperando algo parecido com teu perdão
Se de pouco me basta um sorriso teu, alegre fico com tua felicidade
Mas nossos abraços se contrapõe ao desejo,
E não há saída senão a inércia de minhas ações
Quando pouso leve feito pena em tua existencia
Noto que tua singularidade pode me atingir,
E me perco, por não saber como agir
Por fim, nos versos verossímeis ainda existe
Um pedaço de você, que lateja e não se ajeita
Mas se cansa, acomoda e me acalma
Versos verossímeis pra você.