Mago

Foi-se a luz da luz,

o deus doutro Jesus.

Foi-se um amarelo de cegueira

em uma pétrea jangada sem fronteira.

Foi-se Joana Carda

e o vazio já não tarda.

Foi-se o texto sem pontos

do gênio de mil contos.

Foi-se o perfume de um lar

e a poesia de algum luar.

Foi-se a mais fina ironia

e restou essa dor, essa agonia.

Uma lágrima à revelia.

Orfãs palavras sem afago,

morreu-lhes Saramago.