Separação
E não entenderei mais os versos teus,
Nem tu entenderás mais os meus.
(Se é que isso um dia aconteceu).
Daqui pra frente tudo será apenas o adeus.
E não escreverei mais cartas assinadas em vão,
Nem tentarei mais entender o meu coração.
E tu não terás mais a minha paixão.
(Daqui pra frente, tudo será apenas a desilusão.
Ou será, então, e ilusão?)
E não estarei mais aqui nesta eterna espera,
De braços abertos como quem coopera.
E nem tu virás mais pisotear as minhas quimeras.
(Daqui pra frente tudo será apenas uma lembrança de muitas eras).
E não haverá mais os espinhos, como o amor.
Nem as rimas óbvias, no caso: dor.
E os versos que se farão brancos, ou o que for,
Não farão teu cinza mudar de cor.
(Daqui pra frente tudo será apenas um tom escarlate de furor).
E o céu não mais se fará estrelado sobre nós.
Nem se ouvirá, em noites frias, o cantar de tua voz.
(Daqui pra frente tudo será apenas uma dor atroz,
Sem mais a certeza do que virá após).
William G. Sampaio [07/02/2010]