Revoltado

Hoje, estou com a cabeça um tanto perturbada,

Quero amar,

Ser amado,

Preciso amar, estar com alguém,

Ser desejado.

No ônibus,

A caminho de casa,

Já durante o final da tarde

Depois de um dia todo de trabalho,

Meio angustiante, por sinal,

Ponho uma música de minha preferência,

Algo que me faça relaxar

Ou voar em meus pensamentos,

Minhas ilusões românticas.

Vejo o céu

Já acinzentado,

O sol quase se pondo por completo,

Vejo as pessoas as quais tanto amei

Que me prenderam de fato

Pelas quais largaria tudo,

Sem fazer comparações,

Pois na realidade,

Não possuo muitas coisas.

Levando em consideração,

Que meus livros,

De tudo o que possuo,

São os que representam o maior valor,

Chego a ponto de dizer,

Que largaria até mesmo meus livros.

Que besteira!

O que vale um punhado de livros empoeirados?

Dependendo de seu dono,

Vale até mesmo uma vida...!

Pois bem,

Se me permitem voltar às nuvens,

Lá que repousa o meu pensar

Nos momentos de tristeza,

De solidão,

De angustia.

Vendo os pássaros voarem,

Com toda sua liberdade,

E me vendo preso a alguém,

Sem nem mesmo poder dizer!

Todos a minha volta conversam,

Sinto-me invisível...

E penso que por vezes também um fracassado...

Afinal poucos na vida

Chegaram tão perto e perderam...

Poucos na vida passaram no vestibular para pedagogia

E todas as possibilidades de estudar se esgotaram...

Ou melhor,... de pagar!

Poucos passaram no vestibular para direito,

E viram o ano letivo começar com sua cadeira vaga.

Poucos passaram na primeira etapa da federal com vantagem,

Para filosofia... que loucura,

E viram sua vaga a poucos metros de distância,

A apenas quatro pontos.

Poucos escrevem trezentas páginas de poemas,

E menos ainda chegam a publicá-las,

E sem que seja nenhuma novidade,

Não faço parte do segundo grupo.

Poucos lêem tantos livros,

Trabalham a semana toda

E nos finais de semana vão estudar para concursos!

E também poucos passam!

Menos eu,

Num por dois pontos, noutro por oito,

E assim por diante!

Acho que me cansei,

Mas como a maioria pensa,

Ou faz,

Não me cansei do trabalho,

Nem da vida,

Cansei de tentar estudar

E não ter uma oportunidade,

De passar nos vestibulares,

E não poder pagar,

De tentar um emprego melhor,

E estes serem apenas ocupados por que tem curso superior.

Será que o mundo é dividido divinamente em duas classes,

Os que podem estudar...

E assim conquistam os melhores empregos...

E os que fazem para viver, mantendo os que estudam,

Ocupando os cargos de menores salários???

Revolto-me com a definição de justiça e igualdade...

Com um dos primeiros artigos da constituição!

“Todos são iguais perante a lei...”

“Direitos iguais para todos...”

Porem o filho do presidente estuda em colégio particular,

Para passar no vestibular da melhor faculdade do país,

E fazer mestrado na Europa,

Enquanto o filho do gari,

Se quiser estudar...

Seu pai fica uma semana na fila para uma vaga

Na escola pública ali do bairro,

Com vidros quebrados,

Biblioteca de escrivaninha,

Que só funciona antes das sete da manhã

E depois das dez da noite,

Com professores cheios de boa vontade,

Mas sem nenhuma capacitação após a faculdade...

E há uma infinidade de sapos que poderiam ser cuspidos aqui agora...

Mas prefiro me ater a outro detalhe.

Ao concluir o ensino médio,

O filho do presidente vai para a federal,

Pois passou no vestibular...

E o filho do gari,

Para onde vai?

Não se coloca ninguém na faculdade

Por sua classe social,

Porém,

Dá-se chances iguais para lutarem!

(19/09/2007)

Wagner Gaspar
Enviado por Wagner Gaspar em 01/07/2010
Código do texto: T2351558
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