Sinto-me sozinho…
Sozinho
A sofrer mil infernos
Nada me resta
Que qualquer outro caminho
A não ser abraçar a negritude
Cobrir-me nela
Dela e para ela
E descobrir nela
O que me falta
Uma espécie de virtude…
A olhar para um horizonte
Sem fé
Sem esperança
Onde não reconheço
O meu cantinho de felicidade
Não tendo vontade de sorrir
Retendo as lágrimas de um chorar
Só me sinto bem num cantinho sem luz
Que é onde agora me apetece estar
Sem tempo nem espaço
À espera que a tempestade passe
Bem no seu centro
A observar os meus sonhos
Lentamente a morrer
Sem força para novos sonhos erguer
E se os sonhos morrem
Morre uma parte de mim
Uma parte
Do meu imortal ser…
Sim, sinto-me imensamente sozinho…