Veleiro Fantasma, Demônios e meus Assassinos
Vem à dor matinal junto com todos os meus grilhões, metal íntimo e incomodo. Eu sei, sempre permanecerei aprisionado. A cada dia, a cada noite tudo virá e passará por mim... Como num veleiro fantasma eu vejo a vida como um esqueleto vê o mar.
Águas intocáveis, terras distantes, observo pássaros indo onde nunca poderei ir. Adormeço, desperto e me vejo no mesmo lugar, numa areia movediça, uma areia familiar, um tormento já tão presente que sou tanto dele quanto ele é meu. Assim sigo, assim vou, desesperado a lugar nenhum.
E onde tudo que era para ser meu foi parar afinal?
Onde estou de verdade?
Irei caminhar, eu sei, é só o que posso fazer... Caminhar, agüentar e seguir em frente, sem olhar para trás, sem conseguir olhar adiante da neblina que sempre me oculta os demônios e meus assassinos.
O que faço aqui afinal? Uma frase que sempre me acompanha nas piores e não tão piores horas.
As vezes paro, as vezes até mesmo na rua, paro por não entender o do por que persisto em ainda ir.
Vem a dor matinal junto com todas as minhas feridas sendo abertas... Não vejo sangue, só vejo as marcas como rachaduras em solo seco.
Vejo o mundo e o mundo não me vê e ainda sim caminho em terras ao qual não pertenço.
Tento, sem saber para onde ir, encontrar a minha razão de existir, compreender um pouco do inferno que me habita e do céu que me rejeita. Tento ver o que não me é permitido e busco um motivo para simplesmente poder sorrir.
E as noites são tão severas como tempestades furiosas no alto mar... E preso em meu veleiro fantasma apenas tento não desaparecer completamente na negritude silenciosa do fundo do oceano... Mesmo não havendo motivos para persistir.
Assim sigo
Assim sigo
E me perco cada vez mais... Fora e dentro de mim.