UM NÓ NO CORAÇÃO


Aqui escrevo, perante tanta desavença,
já não estou sentindo nenhuma diferença,
pois sempre foram desiguais os meus degraus...

Eu, que sinto em vida, no ombro nú o orvalho,
ainda confio nas minhas cartas do baralho,
um dia triunfarão, minhas trincas de paus...

Não preciso de nada, para mudar esse cenário,
tenho lá, nas antigas ruínas do santuário,
velhas paredes, que me protegem na madrugada...

Tenho também, uma certa caloria , uma emoção,
que com o que junto na rua, o papelão,
evitam que me mate, a terrível geada...

Já notaram, sou um pobre, um mendigo,
mas a natureza deu me um valioso amigo,
que não deixa me invejar sua bela mansão...

Sei que na terra, no passado, nasceu alguém,
tão pobrezinho como eu, foi lá em Belém,
que toda sua riqueza, trazia no coração...

GIL DE OLIVE
Enviado por GIL DE OLIVE em 29/06/2010
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