Rei `prova d'água

O reino está se desfazendo

A mercê da chuva raivosa

As casa humildes, vão desaparecendo

Com uma rapidez muda e espantosa

A antiga serralheria, ruiu

E com ela uma família

O senhor serralheiro fugiu

Mas perdeu sua mulher e sua filha

O velho ferreiro desapareceu

Junto com espadas e ferraduras

Sua casa foi soterrada

Pela enorme fúria das alturas

A moça bonita

Que caminhava desatenta

Agora, está aos prantos, aflita

Condenando a crueldade da tormenta

As flores que perfumavam o dia

Perderam a beleza e a magia

Estão sob troncos e lama

Num misto de entulho e nostalgia

Até as crianças tão inocentes

Sofreram um choque de realidade

Elas cavam em busca de parentes

encobertos de calamidade

Mas nem tudo é tristeza

Nesse reino destruído

Pois há o rei, que com destreza

Sorri desapercebido

O jantar posto na mesa

E seus filhos já dormindo

O seu vinho está perfeito

Sua coroa reluzindo

Nem a tal da fúria celeste

Tira o seu bom humor

Pra ele a chuva foi boa

Por dar trégua no calor

A tragédia está consumada

E o rei alienado a ela

Ele ouve a tempestade

Mas não olha da janela

Pois ele sabe que se não ver

O coração não sentirá

E não vendo o sofrimento dessa gente

Sua saúde perfeita continuará

Dell de Azevedo
Enviado por Dell de Azevedo em 27/06/2010
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