TRISTEZA
Tristeza, que desejas de mim?
Quem deixou tua hora passar?
Quem deixou teu silêncio falar?
Quem deixou essa vida sem sentido
Tornar-se meu elo perdido?
Quem tornou-se a não te calar?
São silêncios sinuosos em clarim
Eu criei a loucura
Ou ela a mim?
E mesmo doce e terna e pura...
Não é assim! Não é assim!
Eu criei a loucura
Ou ela a mim?
Tristeza, que desejas, afinal?
Se por mim teu amor é desgosto
Em teus olhos – olhar casual!
Se em ti eu não vejo meu rosto
Nunca vi, não há nada igual!
Tristeza, que queres de mim?
Se os beijos nunca feneceram
Não se vê então, não assim...
Que restou de todos que perderam
O teu olhar fatal?
Não! Não assim!
Seria muito banal
Que seria, de tal forma enfim?
Afinal, o que queres conter?
Quem deixou tua hora cruzar?
Quem deixou como rios a correr?
Os teus dias, os teus dias passar...
Que queres dizer?
És mulher? Ah, mulher!
Porventura, que desdenhas do amor
Não o sendo por imortal a ti
E nem sempre nem nunca igual
Ao afeto que aqui e ali
Sempre sendo por ti desigual
À ternura de uma mulher?