Metade calada
Tenho as mãos estendidas,
A alma recolhida,
Entre as grades dos feriados.
O tempo está parado
A banda vai passar,
Mais uma metade de vida
Um pote de alma se vai,
Um jarro de água se quebra,
Chove na terra,
Molho meu rosto na lágrima,
No pranto que não possuo.
Mais uma metade é consumida,
Partida pela que fica,
Oculto nas penumbras,
Vazia nas decadências.
Sou mais um a menos,
Uma conta retirada das notas,
Dos cordões de isolamento.
Ficam metades nulas,
Palavras cruas,
Calores refrescados sem brisas,
Nas camas, nos motéis,
Pelos fins de semana da vida
Pelo fim de cada vida
Que busca, procura, sem encontrar,
Perdidas sem suas metades.