Meu vazio
Meu vazio é difícil de preencher, pois é dor que os olhos não podem ver.
Meu vazio é algo de enlouquecer.
Meu vazio é triste de doer.
É o mergulho em minha alma retalhada.
É como estar perdido numa encruzilhada.
É como ser invisível, não ter ninguém, nem nada que realmente faça sentido.
Meu vazio é coisa de alma, é tudo e também nada.
Meu vazio é coisa que aperta, machuca.
Meu vazio é o que me faz sentir só, mesmo quando estou no meio de muita gente.
Meu vazio é o que me faz descrente, naqueles dementes que tanto mentem.
Meu vazio é um lugar só meu, que ninguém nesse mundo pode alcançar.
Meu vazio é uma ferida só minha: ferida que nunca fecha.
Meu vazio é como um grito sufocado na garganta.
Meu vazio é como um rio de águas mansas.
E a dor que vem e que vai, para o meu vazio sempre volta.
O meu vazio é sombra, é treva, é tudo que me faz infeliz; mas é também o que me dá forças para meus poemas escrever.
Meu vazio é tão particularmente meu, que me faz sentir como se fosse aquilo que me faz ser eu mesmo.
Pois, que meu vazio, fazendo parte de mim, acaba sendo eu mesmo.
Meu vazio é meu mal, mas é tudo que em mim foge do racional.
Pois, que meu vazio é dor, pesar e incerteza; mas é acima de tudo poesia.
Sim, pois que minha poesia é fruto desse vazio que toca fundo meu ser, me fazendo enlouquecer.
Minha poesia é filha desse vazio, que de tanto sofrimento me faz estremecer.
Meu vazio é o que alimenta minha poesia.
Pois, que meu vazio preenche minha poesia de sangue: meu vazio é o que faz minha poesia se encher de humanidade.
Pois, que tudo que é humano sente e ressente, mas todo sentimento e ressentimento é acima de tudo vazio.
Amo então esse vazio.
Vazio que me traz tormento, mas que é também o fermento que faz minha poesia nascer e crescer.
Pois, que meu vazio, fazendo parte de mim, acaba sendo eu mesmo.
Meu vazio é enfim aquilo que dá vida a minha poesia, meus poemas.
Meu vazio é aquilo que tanto me faz sofrer, mas é acima de tudo aquilo que me faz escrever.
Escrever é para mim, sinônimo de vida.
Pois, que minha escrita não é nada além, do que minha própria vida: vida que é poesia, mas acima de tudo um grande e eterno vazio.