MELHOR ANDAR
Ando confusa em meus pensamentos.
Sinto-os recheados de teias...
Questiono a sanidade das manhãs.
Quero a liberdade do corpo
E a inconsequência dos sonhos.
Ando com o cansaço das árvores.
Caminho passos de seqüela.
Questiono a trajetória de todos.
Quero a paz do mato,
O cheiro de hoje
E a premência das cidades.
Ando irada com as mágoas todas.
Relembro estações e trilhos.
Questiono o vôo dos pássaros.
Quero o grito travado
E as lágrimas que evaporaram.
Ando tanto, sem lugar ou tempo...
Vejo-me finita e crédula.
Questiono a imortalidade da espécie.
Quero o gen, o vintém, qualquer esmola
E o tempo sonegado pela ilusão de felicidade.
Ando como sempre andei... vaguei.
Melhor andar, questionar, pensar,
Do que querer.
Melhor não ver, não saber, ignorar.
Melhor andar...
E caso me perguntem se vivo,
Respondo de pronto: não sei, não sei.