PENA DA AUSÊNCIA
Estou aqui bem longe de ti...
Mas sinto-me ao teu lado.
Sobrevoo como bem-te-vi
Para repousar meu bico cansado
Mesmo longe consigo ressoar a tua ausência
E tenho em meu coração a tua presença.
Porque as ondas mágicas estão sintonizadas.
Trazem no íntimo, no âmago, a tua essência
Elas são elétricas, magnéticas, bem captadas...
Na transparência da tua alma.
Ainda assim uma dor esquisita e o frio
Habita... Parece que deixaste um vazio
Neste Atlântico imenso que nos separa
Mas na tua lembrança eu me agarro
Nosso amor ficou perdido num pranto
No pântano da solidão que nos agride
Pelas esquinas da vida e dos desafios
Estou seguro mesmo que por um fio...
Sinto o teu perfume pelos cantos
Parece que falta aquela gota de água
Que verte dos teus olhos água salgada
Porque agora choras a dor da perda
Lágrimas derramadas e tão sofridas
E eu sinto os teus versos tristes
Mesmo que o sutil semblante
Mascare disfarce ou despiste...
Há desgosto no teu rosto
Como tênue e sensível corda
Que me acorda ao meu pescoço
Embora seja discreta e sem alvoroço
Há tristeza refletida no coração, espelho
Do aperto que te amarra e afoga...
Sei que em meus braços há o consolo
Que as carícias saciarão os teus desejos.
E adormeceremos entre abraços e beijos.
Hildebrando Menezes