Lorena

Abre a janela... acorda!

Que eu, só por te acordar,

Vou pulsando a guitarra, corda a corda,

Ao luar!

(Olavo Bilac)

Sol já posto... segue a noite,

Fito a lua tão pequena...

E me entrego em pensamento

A ti, Lorena!

Me recosto à tua janela,

Sonho beijos de Iracema...

Mas, te ocultas fugitiva.

- És má, Lorena!

Não me canso! À tua volta,

Ri-se a brisa assaz serena.

Canto ao som de minha guitarra:

- Aqui, Lorena!

Surpreendendo-te com outro,

Me prostrei, pois, tive pena...

Me negaste o teu amor;

- Gentil Lorena!

Vacilante... fui chorando,

Fustigou-me a breve cena.

- Pois, quão longa inda é a vida!...

- É sim, Lorena!

E te vejo... recendendo

Teus perfumes d´açucena...

-Tu me olhaste?! Oh, não negues,

Eu vi! Lorena...

Deste campo tu és rainha,

Amazona desta´rena.

- Vais domar meu coração?

É teu, Lorena!

Sei! talvez que´m minha alcova,

Eu encontre a paz terrena;

Esta paz que me tiraste...

- Oh, não! Lorena.

Não, não temo! Paciente,

Eis que aguardo a hora extrema.

Dá-me a lousa, o chão que pisas...

- Adeus! Lorena.