CORREDORES DO ALÉM
A cada dia que eu entro por esta antiga porta de madeira secular,
Sou o psiquiatra amigo que leva dó a aqueles olhares tão sofridos,
Move-se neles uma estranha dimensão sem eu podê-los alcançar,
No desgastar de um cérebro vigilante em pensamentos nunca lidos.
Entre um olho da agonia em companhia com o outro dos medos,
Embaça-me os óculos do tempo que aumentam a minha emoção,
Dentro dessa cinza neblina onde vejo mortes costurando a solidão.
Estão muito longe, eu nunca decifrarei os seus distantes segredos.
São os tristes corredores dessa loucura onde estão os nossos irmãos,
Os seres humanos do infortúnio da vida, em seus dias tão confinados.
Visite-os, pois eles precisam muito, também nasceram como cidadãos.
Que tenham o respeito e o abrigo, mesmo que lá sejam pouco amados.
Uma fatalidade a qual compadece a todos nós, nesta sina que é tão maldita.
Ser, estar, ficar louco, uma passagem para um lugar de onde nunca regressará.
Em todo o mundo são aos milhares a quem a felicidade para eles ficou desdita.
Ore pelo doente que não teve a culpa do seu destino, a mão divina o abençoará.