À MARGEM

Sinto insônia, frio, calafrio
aqui, sozinha, à margem deste rio...
Que coisa estranha a triste sensação
de queda livre em brusca solidão!
Que baque gélido, pérfido, em falso,
estive ou não, amor, no teu encalço?
Ou terá sido a linda, incrível imagem
um devaneio, ou malvada miragem?!
Mas não se engana o coração assim!
Um amor real - não é sonho ruim!
Não pode ser mera coincidência;
e nem, tampouco, fugaz aparência!
Tu és o espelho de um passado meu!
E eu, o abrigo do coração teu
neste presente que vela as tuas dores,
tuas ilusões, vitórias, ex-amores...
Ah, meu amor, não estive enganada!
Nem os sinais, claros, são vã cilada!
É que fiquei tonta, zonza, sem chão...
Subitamente perdi a noção
da dimensão do que já foi tua vida:
longa jornada, bem ou mal vivida!
Páginas idas, findas, já viradas;
e o hoje é feito de horas renovadas
nos teus caminhos outros, bons, refeitos,
sem amarguras, sem sonhos desfeitos,
e nos unindo neste estranho elo - 
elo de amor - e do Amor mais belo!...

Com amor, 


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Christina Nunes
Enviado por Christina Nunes em 01/09/2006
Reeditado em 26/09/2006
Código do texto: T230647
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