Quando eu voltar...

Quando eu voltar do árduo caminho que estou seguindo,
Caminho que me mostrastes efêmero em suas belezas,
Trarei comigo a certeza de que não caminhei em vão.
Punhal, facas, arma de guerra puseste em minhas mãos.
 
Quando eu voltar do frio que vivi deste inverno que insiste,
Trarei o casaco que usei e as pantufas esconderei... De mim.
Me aquecerei na lareira, porei os pés em águas mornas,
Fecharei os olhos e terei esta certeza - Eu consegui.
 
Quando eu voltar desta esperança fútil que vivi,
Trarei comigo os motivos delas, as tuas palavras que ouvi,
Que por um momento pareciam mel, doce, suave, forte,
Fizeram-me existir. Mas a futilidade permaneceu em ti.
 
Quando eu voltar do dilúvio em que me vejo, e descer da arca,
Que me ajudas-te a construir, plantarei um jardim e um pé de uva,
Vou me sentar para vê-los crescer e no tempo certo vou colher,
E quando as flores já crescidas e, já as uvas maduras, irei escolher.
 
As primícias do meu jardim num buquê com laços vermelhos,
Trarei a você.  Deixarei por lá o punhal que cravou minhas costas,
A faca que cortou nossos laços as armas desta guerra injusta,
Nada disso trarei, nem frio, nem esperanças... Eu já te perdoei.
 
Quando eu voltar, te encontrarei
Na metade do caminho por onde andei,
Passando por tudo que passei, quem sabe muito além,
Pois plantei pra você uva e flor, plantaste para mim dissabor
 
Quando eu me fortalecer e meu coração descansar deste amor
Dar-te-ei em troca do mal que me fizeste minhas flores e,
Meu melhor vinho também. 
E te mostrarei que, nesta vida cada um da o que tem...