CORAGEM OU COVARDIA
As facas que flertam com meus pulsos,
Admiram-se, só esperam um impulso,
Saciam-se com apenas dois talhos_
Primeiro sangro, depois eu caio.
Uma corda com laço no pescoço,
Amarrada num galho bem grosso.
Suspiro em cima de um banco_
Um chute no mesmo e o solavanco.
O último andar de um prédio alto,
A cabeça comandada pelo álcool,
Jogo-me sem fazer estardalhaço_
Meu corpo se espalha pelo asfalto.
Nas mãos uma potente arma de fogo,
Sua munição: ódio e desgosto,
Aponto na boca, cabeça ou no peito_
Nem sinto dor depois do feito.
Um coquetel de remédios “tarja preta”,
De um punhado grande fiz uma fileira,
Agora é só esperar o temido “crack” -
Depois da tontura, um ataque.
Ao por do sol caminho em direção ao mar,
Ignorando o fato de eu saber nadar,
Caminhando adentro o mar profundo,
Eu, com lágrimas nos olhos, intencionalmente, afundo.
05/07/06