Tempos idos.

Ignoto eu aqui dessemelhante,

Fastio desprazer em lamúria tênue

Tomando conta desse semblante.

Algoz dos sonhos e de minha mente.

Pueril andar de carne casta,

Ignoto eu, aqui deprimo!

Febril horror que esfola e mata.

D’antes aquela pele de menino.

Exímio lajeio, por onde piso

Veredas que singro de dissabor,

Doutro tempo que fora ido,

Em minha boca agrura o sabor!

Vem-me em facas o pensar, agora

Em minha frente tal negrume

De flores secas coloridas outrora!

Resta-me preservar bons costumes

Sigilosamente guardo o sentir,

Em cripta voraz de meu canto

A dor desse dia vem destruir,

Fazendo abrolhar todo o pranto.

Rio de janeiro, 15 de janeiro de 2010.

Well Calcagno
Enviado por Well Calcagno em 02/06/2010
Reeditado em 11/08/2011
Código do texto: T2295139
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